O LEGADO ECONÔMICO E FINANCEIRO DO CORONAVÍRUS NO BRASIL

O alto grau de contágio do Coronavírus gerou a necessidade da adoção drástica de medidas de afastamento social, como o cancelamento de diversos eventos públicos e fechamento de estabelecimentos comerciais dos mais variados segmentos. Desde então, no Brasil e no mundo, busca-se alternativas para o confinamento, bem como já se avaliam os impactos futuros do chamado lockdown.

No âmbito econômico e financeiro, a forte redução da atividade econômica, por período ainda incerto, gerará a maior recessão da história, com quedas do Produto Interno Bruto da ordem de 3% a 7% em potências como Itália, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos. No Brasil, as últimas previsões projetam queda de 5,5% do PIB para o final de 2020.

As primeiras semanas de lockdown já têm causado aumento massivo do desemprego e o risco iminente de quebra de diversas micro, pequenas e até médias empresas, mais vulneráveis em momentos como esse.

Visando atenuar os impactos sociais da crise, o Governo vem apresentando, ainda que timidamente, uma série de ações de apoio aos trabalhadores e empresas menores, como linhas de crédito subsidiadas, ampliação do bolsa família, entre outros.

Adicionando-se a isso a queda de arrecadação tributária, já é possível prever que haverá forte deterioração das contas públicas, além do aumento do desemprego e queda da renda.

Do ponto de vista do comércio exterior, já é possível observar a queda no preço de commodities agrícolas e minerais em decorrência da redução da atividade econômica global. O Brasil, forte dependente da exportação de bens primários, sofrerá com tal cenário.

Mesmo com os esforços do governo em suprir o crédito para micro, pequenas e médias empresas, é pouco provável que se dê a completa reversão do quadro atual, tornando ainda menos acessível o crédito no mercado financeiro.

É importante destacar que o sentimento de insegurança está bastante elevado e deverá continuar assim por um bom tempo. Momentos de insegurança levam os agentes a buscar ativos mais sólidos e confiáveis como ouro e dólar. Portanto, a moeda estrangeira deverá continuar em alta.

A crise atual é inédita, pois há um inimigo externo contra o qual as ciências ainda não têm um antídoto, e força boa parte da população a uma paralisia sem precedentes e ainda mais agravada pelo nível cada vez mais intenso de conectividade global.

O momento exige criatividade e gestão de guerra por parte das empresas, pensando primeiro em sobreviver para, somente depois de superada a crise, voltarmos a pensar em lucratividade ou rentabilidade.

Rodrigo Piazzeta

Economista, sócio da Roop Finanças Empresariais


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