Desde o final do ano passado o Coronavírus tem aparecido no noticiário, primeiro como um caso isolado em uma região da China, até chegar ao ponto de ser considerada uma pandemia e causar a paralisação completa da economia mundial.
Pouco antes do agravamento do surto da Covid-19, o Brasil havia se deparado com a confirmação de um crescimento econômico medíocre em 2019, após grandes expectativas geradas com a posse de um governo de viés mais liberal e pró-mercado.
O crescimento abaixo do esperado, naquele momento, foi em grande parte explicado pela demora na aprovação da Reforma da Previdência e por uma necessidade natural de tempo para reverter as políticas anteriores, de viés mais intervencionista. Portanto, aprovada a reforma e transcorrido um bom tempo desde o impeachment de Dilma Rousseff, boa parte do mercado já estimava um ritmo maior de crescimento econômico para 2020.
Porém, com a paralisação completa do país para conter o alastramento da Covid-19, já vai se formando consenso no mercado de que o Brasil viverá um novo período de recessão (dois trimestres com crescimento negativo).
O histórico recente da inflação tem demonstrado que não há pressão dos preços, algo raro no Brasil, fruto de uma atividade econômica fraca e que deve desaquecer ainda mais com o lockdown do Coronavírus.
Sem pressão inflacionária e com o nível de atividade econômica decrescente, cabe ao Banco Central lançar mão dos instrumentos que possui para reativar a economia, baixando os juros. Porém, além de basear as taxas de juros do setor financeiro nacional, a taxa SELIC é também o preço que o investidor recebe ao emprestar para o governo. Quando esse preço cai mais que o risco percebido pelos emprestadores, ocorre a chamada Flight to Quality, ou seja, uma corrida para ativos mais seguros, como o dólar, levando a uma sobrevalorização da moeda estrangeira.
Isto posto, a crise causada pelo Coronavírus trará forte impacto para todos os setores econômicos e para todas as regiões do Brasil e do mundo, mas empresas intensivas em capital humano, como aquelas dos setores de serviço e comércio, bem como aquelas que utilizam insumos ou revendem bens importados, serão ainda mais afetadas.
Em que pese os esforços do Governo para proteger o setor produtivo do país, com medidas como o adiamento do Simples Nacional e a cobertura dos primeiros quinze dias de afastamento do funcionário infectado pelo Coronavírus – mais detalhadas em nossas outras publicações –, é indubitável que aquelas empresas que não possuírem posições fortes de caixa irão quebrar.
Portanto, nesse momento, mais do que nunca, as empresas deverão priorizar medidas que reforcem o caixa, devendo haver controle diário dos indicadores financeiros, a saber, o prazo das vendas, as cobranças e o capital de giro.
Sem perder o equilíbrio e focado na geração de caixa, o gestor deve reunir a equipe (ainda que online) e traçar as ações necessárias para a sobrevivência da empresa, tais como contingenciamento de despesas, redução de estoques, cobrança e negociação de prazo junto a fornecedores, priorização de produtos com maior giro e/ou menor necessidade de caixa, bem como avaliar as possibilidades de obtenção de empréstimos e financiamentos que caibam na realidade da empresa.
Nesse ponto, colocamo-nos ao lado de nossos clientes e demais empresários para auxiliá-los nessa difícil e fundamental missão de buscar as alternativas que a crise está a proporcionar, avaliando as circunstâncias econômico-financeiras e dos direitos da empresa que possam minimizar os impactos negativos e potencializar as oportunidades.
Todas as crises passam e logo surgem grandes oportunidades. As empresas mais ágeis e competentes na gestão de crise serão aquelas que a ela sobreviverão e dela sairão mais fortalecidas.
Rodrigo Piazzeta
Sócio fundador da Roop Economia e Finanças e parceiro estratégico do Negócios Jurídicos.