Crises têm a capacidade de antecipar movimentos tecnológicos que muitas vezes levariam anos para serem disseminados em determinadas culturas e nichos de atividades empresariais. A necessidade e, muitas vezes, a forma possível para se realizar determinada tarefa, são propulsores que encorajam a mudança. Outro fator sintomático é a disposição forçada para testar o novo e sair da zona de conforto, modificando práticas tradicionais que nos acompanham desde sempre.
A crise financeira de 2008, ocasionada por uma série de atividades econômicas equivocadas de grandes bancos americanos que afetaram gravemente a economia mundial, nos trouxe grandes mudanças tecnológicas através de diversas startups que aproveitaram a fraqueza e a quebra de confiança em organizações tradicionais para apresentar ao mercado negócios disruptivos e ágeis, simples e transparentes. Temos como exemplos o surgimento de novas modalidades de negócios como Airbnb, Uber, Spotify, dentre outros.
Pensemos que determinadas mudanças tecnológicas que impactam nas vidas de todos nós podem levar anos, muitas vezes sendo implementadas aos poucos, através de educação e transformação na cultura. Temos como exemplo a fatura digital, que foi sendo aplicada de forma paulatina pelos bancos, primeiramente apresentando o novo serviço e suas vantagens, posteriormente demonstrando benefícios e valendo-se de programas de pontos, que serviam como atrativos compensatórios. A transformação levou cerca de 2 anos para a migração digital de faturas. Imaginem a quantidade de recursos e pessoas que foram utilizados e que poderiam ser economizadas no processo?
A crise do momento é o COVID-19 e já notamos o alto crescimento de meetings online através de plataformas como Zoom us, Hangout, Whereby, dentre outros. A utilização de assinaturas de documentos assinados via e-docs também é uma tecnologia já existente no mercado que está mais presente na vida de pessoas que sequer sabiam de sua existência. Então, quais serão os legados deixados pelo COVID-19? A consolidação do home office como uma forma de trabalho que reduz custos para todos e mantém engajamento e produtividade do colaborador? Novas ferramentas tecnológicas que facilitarão nosso dia a dia? Novas startups com ideias disruptivas?
Estamos em meio a uma transição de gerações e temos que entender o tempo de cada público para a utilização de tecnologia como meio de vida. Mas, inegavelmente, as crises aceleram o processo. Aguardemos, pois, uma avalanche de novidades e melhores práticas voltadas para tecnologia, e que elas sirvam para facilitar nossas vidas, manter nossa mente aberta para novos aprendizados e melhor convívio em sociedade.
Alexandre Lindemeyer
Analista de Inovação Anlab
(51) 99958-4881